sexta-feira, 26 de março de 2010

O Capote

Debaixo do Capote de Gógol

O Teatro Nacional parece realmente ser um lugar interessante. Num desses finais de semana, houve lá uma apresentação de um grupo de teatro inglês com uma peça onde cada ator falava uma língua diferente (francês, japonês, italiano, português, etc.).

Este detalhe pitoresco, por incrível que pareça, não atrapalhava na compreensão da obra como um todo. Claro que para isso a montagem da peça tinha uma ênfase mais na plástica do que no diálogo e o ator principal (convidado) era brasileiro.

Com essa estrutura, a companhia de teatro consegue, potencialmente, se apresentar em qualquer país que, por sua vez, contribui com este ator a desempenhar o papel que tem um diálogo maior no conjunto da peça.

E tudo isso, pasmem, com entrada franca bastando que o público retire o ingresso com meia hora de atencedência - nada mal.

Porém, o que mais me atraiu para este programa cultural não foi o aspecto gratuito ou esta estrutura inovadora - que só fui tomar conehcimento durante a peça. O que me convenceu a cancelar outro programa para estar neste foi o nome da peça: " O Capote", de Nicolau Gógol.

Do Capote de Gogol, dizia Dostoiévski, nasceu toda a literatura russa. Compreende o leitor o significado desta frase, dita por um dos maiores escritores de todos os tempo?!

Possivelmente Dostoiévski não estava aqui se refeindo somente ao conto "O Capote" de Gógol que, de fato, traz temas e personagens que depois iriam povoar as histórias da literatura russa do século XIX, mas, sim, à herança deixada por este escritor.

Mas, de uma forma ou de outra, trata-se de uma obra referencial que vale a pena ser lida. E se o teatro pode atuar como incentivador e refletor disto, ótimo! E se isto ainda acontece de maneira gratuita ampliando assim seu acesso, melhor ainda! Por um momento, senti orgulho de morar numa cidade desta!