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"Todo mundo tem seu dia e a sua vez". A primeira vez que ouvi esta frase de maneira significativa foi numa carta que um amigo me escrevi quando eu era jovem e o futuro uma coisa ainda incerta, ou seja, poderia ter sido ontem...
Curioso é que este amigo - aliás, velho amigo - me disse que estava pensando em mudar-se de São Paulo para Brasília. Porém, acabou adiando a mudança e eu, que ironicamente não planejava mudar-me para cá, acabei vindo e acabei assistindo, neste mês, a peça de teatro que trouxe a citação desta frase.
A frase, como se sabe, é do personagem da obra "A hora e a vez de Augusto Matraga" de Guimarães Rosa. Aliás, belíssima obra e excelente adaptação para teatro foi, neste mês, apresentada no Teatro Nacional em Brasília.
Não foi a primeira peça de Guimarães Rosa no Teatro Nacional neste ano. Poucas semanas atrás, houve a peça "Grandes Sertões Veredas" que, apesar de gratuita, não tinha quase ninguém porque todo mundo estava assitindo a peça dos "Melhores do Mundo" na outra grande sala do teatro.
"Grandes Sertões Veredas" é uma obra mais famosa, mais complexa e maior que "A hora e a vez de Augusto Matraga". Mas, a adaptação desta última ficou muuuuito melhor. Da adaptação de Grandes Sertões Veredas, pouco me lembrarei com exceção talvez dos seios da Diadorim na cena final. Já em relação à segunda peça, me lembrarei de muitos detalhes e da ênfase do ator ao dizer num misto de convicção e indignação que "todo mundo tem o seu dia e a sua vez; e a minha há de chegaaaaaaar"!