terça-feira, 13 de julho de 2010

Todo mundo tem o seu dia

Guimarães Rosa

"Todo mundo tem seu dia e a sua vez". A primeira vez que ouvi esta frase de maneira significativa foi numa carta que um amigo me escrevi quando eu era jovem e o futuro uma coisa ainda incerta, ou seja, poderia ter sido ontem...

Curioso é que este amigo - aliás, velho amigo - me disse que estava pensando em mudar-se de São Paulo para Brasília. Porém, acabou adiando a mudança e eu, que ironicamente não planejava mudar-me para cá, acabei vindo e acabei assistindo, neste mês, a peça de teatro que trouxe a citação desta frase.

A frase, como se sabe, é do personagem da obra "A hora e a vez de Augusto Matraga" de Guimarães Rosa. Aliás, belíssima obra e excelente adaptação para teatro foi, neste mês, apresentada no Teatro Nacional em Brasília.

Não foi a primeira peça de Guimarães Rosa no Teatro Nacional neste ano. Poucas semanas atrás, houve a peça "Grandes Sertões Veredas" que, apesar de gratuita, não tinha quase ninguém porque todo mundo estava assitindo a peça dos "Melhores do Mundo" na outra grande sala do teatro.

"Grandes Sertões Veredas" é uma obra mais famosa, mais complexa e maior que "A hora e a vez de Augusto Matraga". Mas, a adaptação desta última ficou muuuuito melhor. Da adaptação de Grandes Sertões Veredas, pouco me lembrarei com exceção talvez dos seios da Diadorim na cena final. Já em relação à segunda peça, me lembrarei de muitos detalhes e da ênfase do ator ao dizer num misto de convicção e indignação que "todo mundo tem o seu dia e a sua vez; e a minha há de chegaaaaaaar"!

Gogol reina

Debaixo do Capote de Gogol
















Neste mês, chegou à Brasília uma adaptação para teatro do conto "O Capote" de Gógol. Montado por uma companhia britânica, a peça traz a novidade de ter atores de pelo menos cinco países diferentes.

O curioso é que durante a peça eles falam sua língua natal, ou seja, francês, espanhol, russo, japonês e português. E o impressionante é que dá certo porque trata-se de uma adaptação voltada para a plástica em vez do diálogo propriamente.

A adaptação peca somente no fato de que o que se vê representado se distancia muito do Capote de Gógol. Talvez faça um misto com o "Diário de um louco", não sei. De qualquer maneira, é uma iniciativa interessante e, vale ressaltar, gratuita! Um pouco de fidelidade e aí então ficaria perfeito.

Enquanto isso, neste mesmo mês, do outro lado da cidade, um grupo de Brasília fez uma adpatação de outro conto de Gógol: o casamento que, na adaptação, recebeu o nome de matrimônio. Esta adaptação, muito mais modesta que a outra em termos de orçamento e cenário, ficou também excelente!

Na asa oposta a esta, outro grupo também fez uma montagem de outro conto de Gógol: "Diário de um louco". Este, porém, não consegui ver porque a temporada foi muito curta. De qualquer maneira, parece que Gógol está reinando este ano na cena brasiliense. Tomara que a influência seja duradoura.

Em meio a estas peças, comecei a pensar que talvez não desse atenção a elas senão tivesse lido e conhecido Gógol antes. Minha descoberta se deu naqueles anos de exílio onde a realização dos sonhos parece ter se tornado algo distante. Gógol jutamente com Balzac, Dostoiévski, Tolstoi e Victor Hugo fizeram-me companhia neste difícil período da vida do qual eu sairia melhor preparado para apreciar a beleza das coisas. E eis que agora isto se realiza também nestas peças que passam por aqui.

Aido e Eneas

# inserir nota sobre montagem de opera

Olho de peixe

# notas sobre show do Lenine

Os espelhos da justiça

# notas sobre predio da procuradoria geral da republica

# no fundo do tribunal superior

# espelhos

# "eu olhando a vida olhar pra mim", de Lenine - som que chega ao Rio numa noite chuvosa de reflexoes

Visão noturna da concha

# inserir notas sobre viagem à concha acustica do setor militar a noite

Aleluia

Vencendo vem Jesus

Neste final de semana realizei minha terceira apresentação junto com a orquestra da igreja que participo. Foi uma grande apresentação com direito à orquestra completa, percussão, coral e até a orquestra mirim formada de crianças de menos de 10 anos.



O auge da apresentação, feita durante o culto, foi a Aleluia de Hendel. Mas, a que mais me emocionou foi o "Vencendo Vem Jesus". Difícil, nestas condições, é controlar a emoção e tocar ao mesmo tempo dentro do ritmo ditado pelo maestro. Mas, é uma dificuldade boa.

Esta foi a terceira apresentação desde que comecei a tocar com a orquestra. Na primeira, realizada no início do semetre fiquei mais nervoso porque tinha apenas um mês de ensaio. Felizmente tivemos várias sessões de ensaios antes, inclusive horas antes da apresentação. Porém, quando estava tocando senti "como se tivesse nascido pra isso". Claro não do ponto de vista de talento musical, mas sim no que diz respeito à realização pessoal e espiritual.

Na segunda vez, a apresentação foi com uma orquestra menor do que a primeira e foi mais tranquilo. Me senti mais seguro. Já nesta terceira vez a coisa foi mais gradiosa. Bem no estilo fechamento de semestre mesmo.

Depois desta apresentação, a orquestra entraria em recesso - o que também seria bom, inclusive para "ruminar" o sabor desta conquista. Afinal de contas, há apenas quatro meses atrás eu fazia meu primeiro contato com o maestro para saber da possibilidade de participar da orquestra. Felizmente, os três anos que passei estudando violoncello em Campinas não foram em vão. Foi apenas, quem diria, a preparação para estes "novos tempos" de agora.