terça-feira, 13 de julho de 2010

Gogol reina

Debaixo do Capote de Gogol
















Neste mês, chegou à Brasília uma adaptação para teatro do conto "O Capote" de Gógol. Montado por uma companhia britânica, a peça traz a novidade de ter atores de pelo menos cinco países diferentes.

O curioso é que durante a peça eles falam sua língua natal, ou seja, francês, espanhol, russo, japonês e português. E o impressionante é que dá certo porque trata-se de uma adaptação voltada para a plástica em vez do diálogo propriamente.

A adaptação peca somente no fato de que o que se vê representado se distancia muito do Capote de Gógol. Talvez faça um misto com o "Diário de um louco", não sei. De qualquer maneira, é uma iniciativa interessante e, vale ressaltar, gratuita! Um pouco de fidelidade e aí então ficaria perfeito.

Enquanto isso, neste mesmo mês, do outro lado da cidade, um grupo de Brasília fez uma adpatação de outro conto de Gógol: o casamento que, na adaptação, recebeu o nome de matrimônio. Esta adaptação, muito mais modesta que a outra em termos de orçamento e cenário, ficou também excelente!

Na asa oposta a esta, outro grupo também fez uma montagem de outro conto de Gógol: "Diário de um louco". Este, porém, não consegui ver porque a temporada foi muito curta. De qualquer maneira, parece que Gógol está reinando este ano na cena brasiliense. Tomara que a influência seja duradoura.

Em meio a estas peças, comecei a pensar que talvez não desse atenção a elas senão tivesse lido e conhecido Gógol antes. Minha descoberta se deu naqueles anos de exílio onde a realização dos sonhos parece ter se tornado algo distante. Gógol jutamente com Balzac, Dostoiévski, Tolstoi e Victor Hugo fizeram-me companhia neste difícil período da vida do qual eu sairia melhor preparado para apreciar a beleza das coisas. E eis que agora isto se realiza também nestas peças que passam por aqui.