E no nordeste, tudo em paz
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Como se sabe, recentemente Dinho Ouro Preto fico hospitalizado por conta de um tombo que tomou ao fazer uma "manobra radical" num dos shows do Capital Inicial. O tombo assustou o vocalista e fãs, uma vez que havia a possibilidade dele não voltar mais aos palcos.
Aliás, diga-se de passagem, Dinho não foi o único a ser hospitalizado por causa de um tombo durante um show. Recentemente o Bono do U2 teve o mesmo problema. Estes rapazes se esquecem que não tem mais 18 anos...
Recuperado então do susto que teve, o Capital Inicial voltou com força toda, ou seja, lançando novo CD com músicas mais radicais. O título, "Das Kapital", é uma referência explícita à obra máxima do velho Karl Marx.
Karl Marx?! Os mortos ressucitam?! Sim, aliás tudo o que foi sucesso na década de oitenta parece fazer sucesso novamente. Inclusive, o próprio Capital Inicial que - discorde quem puder - continua sendo uma das bandas de rock de maior sucesso e popularidade nos tempos atuais. Quem diria, não?
E o Capital, como se sabe, nasceu na capital do país a partir da iniciativa de um conjunto de jovens que, para espantar o tédio e fugir da aridez cultural que era Brasília na década de oitenta, resolveram montar uma banda de rock - ou, para ser mais específico: de punk rock. Uh-hu! Iéh! (rs)
O fato se explica pelo sucesso que o estilo fazia na época e também porque alguns dos integrantes do então "Aborto Eletrico" - do qual surgiriam o Capital Inicial e o Legião Urbana - haviam morado recentemente em Londres, berço do punk.
De modo que voltar a fazer shows e ainda na cidade onde a banda começou é bastante significativo para esta banda, particularmente para o vocalista que não se continha de alegria e entusiasmo. "Pô, moçada é muito bom estar de volta! É do car*&@#$". Aliás, se tirarem esta última palavra do dicionário, creio que o Dinho não conseguirá mais se expressar em linguagem humana... (rs)
Dinho deve ter mais de quarenta anos. Mas, parece que continua com vinte e pouco. Enfim, o rock tem dessas coisas - com os músicos e com o público que se "vê obrigado" a ouvir músicas infantis, dentre as boas do repertório.
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O show aconteceu dentro do "festival de inverno de Brasília", numa mega-estrutura montada no estacionamento do ginásio Nilson Nelson. Três dias de shows. Só no dia do show do Capital Inicial se apresentaram Pato Fú, Jorge Benjor e Skank. Quase uma raive...
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E ao que parece o nordeste teve esta influência cultural sobre Brasília, pois uma vez iniciado a temporada de shows eles parecem não acabar mais. No caminho para este show vi, por exemplo, que o "Nação Zumbi" estava começando outro show na Esplanada dos Ministérios. Enfim, impossível participar de tudo.
O Capital, porém, não tocou as músicas do novo disco - o que, segundo Dinho, tem toda uma iluminação própria, etc. Eles cantaram, portanto, os sucessos que todo mundo conhece e o "Que País é Este" do Legião. E no Bis tocaram "Led Zeppelin" - a melhor parte do show.
E no fim do show, que aconteceu por volta das duas da manhã, Dinho expressou o desejo de voltar a Capital com o show "Das Kapital" que, ao que parece, faz uma crítica ao capitalismo, etc e tal. Comunistas depois de velhos? Interessante...
Surreal também foi o apelo do Dinho para os jovens não usarem drogas. "Cara (logo eu). Mas, eu sei do que eu tô falando: fiquem longe das drogas, do crack e do cigarro". O apelo veio junto com a adesão à campanha Brasil contra o Crack ou algo do tipo. Enfim, novos tempos...