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Sexta-feira, ao perder a saída de uma das avenidas expressas de Brasília quase que fui parar numa cidade de satélite - por engano e porque, como já disse um dia, "retorno" é coisa do passado. :)
Aproveitando então o movimento inercial, neste sábado resolvi visitar uma cidade satélite porque haviam me dito que lá os móveis são mais baratos e a cidade tem um comércio grande voltado para este setor. Fui então dar uma conferida já que estas questões operacionais estão configurando meu presente.
O curioso é que esta fama do comércio produtor de móveis da cidade já estava presente, inclusive, da música Faroeste Caboclo do saudoso "Legião Urbana". Veja-se, por exemplo, este trecho da primeira ocupação do João de Santo Cristo quando chega à capital:
Meu Deus, mas que cidade linda,
No Ano-Novo eu começo a trabalhar
"Cortar madeira, aprendiz de carpinteiro,
Ganhava cem mil por mês em Taguatinga"
Fui eu então para a cidade do "João de Santo Cristo" e apesar do lugar ficar longe, o caminho é simples: pega-se uma linha reta para se chegar até o Eixo Monumental; depois uma reta até a rodoviária; uma grande reta para chegar até Taguatinga e outra reta para se chegar até o setor comercial dos móveis!
Na hora de voltar, numa pracinha da cidade, havia um evangélico cantando sozinho com pouco acompanhamento musical aquele velho hino que diz:
Segura na mão de Deus,
Segura na mão de Deus,
Pois ela, ela te sustentará
Não temas, segue adiante
e não olhes para trás,
Segura na mão de Deus e vai.
Este hino cantado ao cair da tarde, com um sistema de som, acompanhamento, arranjo e afinação precária me tocou. Não porque a mensagem tenha falado ao meu coração, mas por causa da coragem daquele homem que foi para praça expressar sua fé em condição tal precária de recursos e talvez de talento propriamente dito. "Meu Deus, como nossa existência é precária..." - pensei comigo. Enfim, a mensagem acabou me atingindo pelo avesso.
No entanto, a reflexão que me acompanhou até segunda-feira foi o quanto que esta música fala sobre a geografia que liga as cidades satélites ao plano piloto: retas sem fim em que se cai muitas vezes por um descuído forçando-nos a ir, ir e ir, na espera de um dia encontrar um retorno. Enfim, parafraseando o velho hino cristão: para se chegar à uma cidade satélite de Brasília, você pega uma reta qualquer "segura na mão de Deus e vai!!!!" porque uma hora você chega :)
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