quarta-feira, 31 de março de 2010

Em breve, aqui, uma nova capital

Construindo uma nova caipital

Estar em Brasília em 2010, quando a cidade completa cinquenta anos de fundação, tem um significado estético particular, pois parece que devido à festa do cinquentenário o governo resolveu restaurar alguns prédios que são verdadeiros símbolos da cidade como, por exemplo, o Palácio do Planalto, a Praça dos três poderes e a Catedral.

Sobre a Catedral, já mostrei no último post como ficou sua imagem como o manto que lhe puserem para cobrir seus vitrais.

E as fotos abaixo mostram como ficaram os outros lugares. Andar no meio desses escombros, com a vista dos andaimes nos prédios e monumentos, por um momento, passa a impressão de que uma fenda temporal se abriu e estamos andando pela Brasília dos primeiros anos quando se trabalhava intensamente para se ter em breve, aqui, uma nova capital.


Palácio do Planalto



















Escultura com SUpremo Tribunal Federal ao fundo



















Monumentos da Praça dos Três Poderes



















Escombros em frente ao Supremo Tribunal Federal




















Palácio do Planalto

segunda-feira, 29 de março de 2010

Camisinha na igreja

O manto da catedral

A Catedral de Brasília, assim como outros prédios históricos da cidade, está em reforma. Por conta disso, a catedral teve seus vitrais cobertos por uma espécie de manto branco que não lhe tirou a elegância mesmo durante o procesos de restauração e reforma.

Veja só as fotos abaixo. É uma oportunidade única de ver a catedral desta maneira.








































sexta-feira, 26 de março de 2010

CCBB

Sob as estruturas de um céu iluminado

O prédio do Centro Cultural do Banco do Brasil de Brasília é um lugar cujo surgimento na minha memória remete à sede do governo provisório que Fernando Henrique Cardoso criou para repassar, ao novo governo eleito, o conhecimento da nova estrutura e políticas de Estado que havia implantado.

Uma iniciativa, diga-se de passagem, positiva pois se serviu, de um lado, para a permanência de políticas de Estado chamadas de neo-liberais, por outro lado, a descontinuidade de políticas e programas de Estado na transição de um governo para outro era ou ainda é um mal muito presente no cenário nacional.

E atualmente, o lugar voltou a ser a sede do executivo enquanto o Palácio do Planalto é reformado "pela primeira vez na história deste país".

Mas, fora o uso feito deste lugar, o fato é que o prédio em si tem uma arquitetura impressionante que logo atesta a grandeza e genialidade do seu arquiteto, Oscar Niemayer, que consegue dar leveza a imensas e pesadas construções de concreto armado.

Sentar-se na lanchonete alí existente, sob aquele teto de concreto sustentado por inusitadas colunas, para uma bebida ou algo do tipo é uma experiência que vale a pena. E foi alí, a propósito, que estas notas foram inicialmente elaboradas enquanto olhava para aquele imenso teto de concreto suspenso e pensava que senão fosse as aparentemente frágeis (mas, na verdade, sólidas e firmes colunas) tudo poderia desabar sobre nossas cabeças.

Algo semelhante, penso, a cada troca de governo que poderia fazer o país desabar sobre a cabeça dos cidadãos senão fosse a solidez das instituições públicas e democráticas (aparentemente frágeis como as colunas do CCBB) a sustentar a pesada estrutura de uma das maiores repúblicas do mundo.

Diário de um louco

Do Capote outra vez

Como disse no post anterior, o Capote de Gógol é uma obra que vale a epna ser conferida. E nas minhas andanças pela internet, descobri que este conto de Gógol encontra-se disponível gratuitamente para download no site "Virtual Books Online" - e não é pirataria... (rs)

No entanto, no que diz respeito à montagem da peça pela companhia britânica que visitou Brasília, o dramaturgo já dizia em nota do catálogo que se tratava de uma adaptação. Ou até mesmo, acrescento eu, do que poderíamos chamar de uma "livre adaptação" - dada a distância entre a obra originária e a peça.

Poderíamos até dizier que o enredo da peça de teatro assemelha-se ao conto "Diário de um louco" de Gógol pela presença de alguns elementos próprios da trama daquele outro conto. Mas, isso seria um exagero de generosidade.

Do Capote mesmo de Gógol, ficou só a figura de um pobre empregado de uma repartição pública tomado pela burocracia e pelas condições precárias de sua existência e, claro, o capote (sobretudo) que dá nome ao conto.

O romance, ou melhor, a trama amorosa de tom romântico presente no roteiro da peça, por exemplo, inexiste no texto original assim como a concorrência interna no emprego em busca de uma promoção cujo prêmio seria o Capote.

Portanto, a despeito da originalidade da estrutura da peça, ainda vale mais a pena ir à obra original e compreender a essência do que diferenciou a literatura russa da francesa e fez dela o que ela é ou foi: a melhor do mundo!

O Capote

Debaixo do Capote de Gógol

O Teatro Nacional parece realmente ser um lugar interessante. Num desses finais de semana, houve lá uma apresentação de um grupo de teatro inglês com uma peça onde cada ator falava uma língua diferente (francês, japonês, italiano, português, etc.).

Este detalhe pitoresco, por incrível que pareça, não atrapalhava na compreensão da obra como um todo. Claro que para isso a montagem da peça tinha uma ênfase mais na plástica do que no diálogo e o ator principal (convidado) era brasileiro.

Com essa estrutura, a companhia de teatro consegue, potencialmente, se apresentar em qualquer país que, por sua vez, contribui com este ator a desempenhar o papel que tem um diálogo maior no conjunto da peça.

E tudo isso, pasmem, com entrada franca bastando que o público retire o ingresso com meia hora de atencedência - nada mal.

Porém, o que mais me atraiu para este programa cultural não foi o aspecto gratuito ou esta estrutura inovadora - que só fui tomar conehcimento durante a peça. O que me convenceu a cancelar outro programa para estar neste foi o nome da peça: " O Capote", de Nicolau Gógol.

Do Capote de Gogol, dizia Dostoiévski, nasceu toda a literatura russa. Compreende o leitor o significado desta frase, dita por um dos maiores escritores de todos os tempo?!

Possivelmente Dostoiévski não estava aqui se refeindo somente ao conto "O Capote" de Gógol que, de fato, traz temas e personagens que depois iriam povoar as histórias da literatura russa do século XIX, mas, sim, à herança deixada por este escritor.

Mas, de uma forma ou de outra, trata-se de uma obra referencial que vale a pena ser lida. E se o teatro pode atuar como incentivador e refletor disto, ótimo! E se isto ainda acontece de maneira gratuita ampliando assim seu acesso, melhor ainda! Por um momento, senti orgulho de morar numa cidade desta!

terça-feira, 23 de março de 2010

Guardiães da moral

Ou as mulheres segundo Rousseau

Por ocasião do dia das mulheres, um dos prédios do governo, em Brasília, colocou uma faixa na sua entrada com uma citação - vejam só - de ninguém menos que Rousseau. A citação dizia que:

"As mulheres constituem a metade mais bela do mundo"

Não sei de onde tiraram esta frase de Rousseau. Talvez do romance "Nova Heloísa" ou das suas Confissões. Mas, de qualquer maneira, ela parece mesmo vinda dele. E já que ele é o assunto do dia, devo registrar uma ou duas palavras sobre este senhor que é tido como o maior pensador francês.

Pensador francês que, diga-se de passagem, não nasceu na França; nasceu na Suiça. Mas, como a França sempre quis anexar o território da Suiça ao seu, fica como uma espécie de provocação ou vingança. Aliás, institucionalmente conduzida. Senão, vejamos.

Rousseau é tido como o teórico da Revolução Francesa, ou seja, foram seus escritos que deram solidez teórica para a nova formação política que iria surgir na França - baseada em Liberdade, Igualde e Fraternidade - e que depois seria replicada por todo o mundo, configurando grande parte das repúblicas do ocidente. E do Brasil, inclusive - quer dizer: teoricamente.

Na França, mais precisamente em Paris, seus restos mortais repousam dentro do imponente edifício chamado de Pantheon. Sendo que do lado de fora, há uma escultura na qual sua imagem se apresenta com um cachecol cujo laço encontra-se também replicado nos parisienses como se ele tivesse inventado a moda.

Já na capital suíça, mais precisamente no lugar onde ele nasceu, existe apenas uma discreta placa na entrada de um shopping com a inscrição: aqui nasceu Jean-Jacques Rousseau. Veja só que paradoxal: a casa do "pai da revolução francesa" se converteu num shopping center! Isto seria mais que motivo para seus restos mortais se revirarem no Panheon francês e assustar os turistas que visitam sua cripta!... (rs)

Porém, considerando que o shopping center é uma das expressões máximas da classe social que ascendeu com a revolução francesa e se estabeleceu, parece, de forma quase que definitiva como a dominante nas esferas sócio-econômica e cultural, o aparente descrédito da terra Natal com o pensador não é assim tão incoerente.

Mas, voltemos ao tema da citação de Rousseau em frente ao prédio público em Brasília. Como disse: era uma espécie de homenagem ao dia da mulher. Mas, quando repeti a frase para uma colega de trabalho ("que as mulheres correspondem à metade mais bela do mundo"), ela simplesmente discordou!

Claro, possivelmente porque ela estava pensando mais em termos de opção sexual. Assim, para as mulheres certamente a metade mais bela do mundo não são as mulheres. O que são então? Os homens?!... Oh, quanta honra!... (rs) - ainda mais no dias das mulheres!... (rs)

Rousseau também tem outra frase sobre as mulheres que me chamou a atenção quando estava lendo seus escritos políticos. Creio que foi no famoso "Contrato Social" que ele se refere às mulheres como as "guardiãs da moral".

Anos atrás, quando disse isto a uma menina ela não somente ficou indignada como me perguntou em que mundo eu vivia!... Ok, ok. Rousseau definitivamente não parece fazer mais sucesso entres as mulheres! Melhor restringí-lo então aos assuntos da República... (rs)

More than words

Ecos do passado no presente

Sexta-feira à noite. De volta pra casa, ao passar de carro por um relógio na avenida ele marca zero horas e zero minutos: 00:00 - uma hora bonita e rara.

Curioso é que neste exato momento, tocava no som do carro uma velha música de um grupo que fez muito sucesso na virada da década de oitenta para noventa, mas que hoje, salvo engano, já não mais existe: o Extreme.

Naquela época, no auge de sua carreira, este grupo fez uma apresentação num show que recebeu o título de "Tributo a Fred Mercury" - o vocalista, então recém falecido, do Queen.

Lembrei-me então da apresentação unplugged do Extreme neste show onde antes deles tocarem o maior sucesso do grupo, "More than words", eles cantaram a famosa música do Queen "Love of my life". Lembrei-me, inclusive, de como o vocalista parecia estar noutro universo quando, após os acordes iniciais da música, o violonista se volta pra ele como quem diz: "ouh, cê não vai começar a cantar, não?!" (rs)

Mas, a primeira lembrança desta noite ficou por conta da primeira vez que ouvi esta música de maneira digamos significativa. Coincidentemente, isto ocorreu no primeiro ano que vivi em Campinas quando então deixei a "casa dos pais para cair no mundo".

Mas, não foi em Campinas que ouvi a música. Foi numa cidadezinha próxima do Estado do Paraná para onde fui passar um final de semana a convite do meu então colega de quarto em Campinas. Cidadezinha pequena e acolhedora, uma bela mocinha enamorada, um jovem e romântico rapaz... Hoje, a música tema talvez fosse a do Lupicínio Rodrigues:

"Estes moços, pobres moços, ah, se soubessem o que eu sei,
não amavam, não passavam por tudo o que eu já passei"


Mas, naquele tempo de muita juventude, inocência, testorona e desconhecimento da MPB, o que falava alto era o pop rock internacional. Portanto, dá-lhe "More than words"!

"More than words is all you have to do to make it real,
Then you wouldn't have to say that you love me,
Cause I'd already know."

Naquela zero hora e zero minutos da madrugada de sábado, lembrei-me então daqueles primeiros tempos de Campinas que agora ecoam nos primeiros tempos de Brasília. E o surpreendente foi, na manhã seguinte a esta memória despertada pelo relógio de rua, receber um convite de casamento deste mesmo velho companheiro que agora está há muitos quilômetros de distância. A vida tem dessas coincidências.

quarta-feira, 17 de março de 2010

O sentido das coisas

A razão de ser deste blog

Dias atrás, estava conversando com um amigo sob este blog destinado a registrar meu processo de adaptação em Brasília, registrando as primeiras impressões da cidade enquanto morador.




















Mas, por que isto? A princípio, o propósito é o de compartilhar este processo com amigos que assim podem me acompanhar mesmo distantes geograficamente.

Além disso, porém, há outra razão maior que transcendem este momento e este objetivo inicial. E esta razão, que no fundo é o que dá perenidade aos textos aqui publicados, é que estas impressões só podem existir com este conteúdo neste momento.

Ano que vem, por exemplo, minhas impressões , sentimentos e reflexões serão diferentes quando eu passar por determinados lugares e situações. Não será mais a primeira vez e a magia e poesia que advém dessas primeiras experiências poderão não mais existir da forma atual.

Portanto, tudo o que viver neste primeiro ano e não registrar ficará perdido em algum canto da memória sendo sobrepostos por novas epxeriências até chegar ao ponto de esquecer a riqueza das impressões que um dia existiram.

Assim, ao registrá-las, cria-se uma perenidade que pode no futuro dizer - em detalhes - a mim mesmo ou "a quem possa interessar" que "se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi!"... (rs)

terça-feira, 16 de março de 2010

4 por 4 total

Visão geral do espetáculo

O espetáculo "4 por 4" de Deborah Colker é composto por duas partes. A primeira tem início com o quadro sobre o qual já me detive neste blolg: um quadro que retrata indivíduos em seus cubículos modernos - representação das kitnets das grandes cidades ou das baias que compõem as salas de trabalho dos escritórios das grandes empresas ou instituições contemporâneas.

A este quadro inicial segue outro que se caracteriza não só pela diminuição do rítimo da dança como também pelo surgimento de uma esteira - como aquelas de produção dos ambientes industriais. Sobre esta esteira, montada sobre uma mesa que se move lentamente, bailarinos dançam com movimentos leves e demorados como se buscassem a poesia ou o sublime na esteira da rotina que os limita e aprisiona.















Já o terceiro e último quadro rompe com estas limitações espaciais. Em lugar do biombo ou da esteira, agora os bailarinos usam o palco todo que recebe no chão uma imensa imagem de uma pintura de grafite. Trata-se, enfim, da referência aos espaços públicos e abertos pela arte em contraposição aos espaços estreitos e apertados das residências e do trabalho.

E a tomada do palco todo acompanha o ritmo do grupo que se espalha e reflete a animação em meio à multidão em oposição à introspecção dos pequenos ambientes.

Já a segunda parte do espetáculo irá continuar este contraponto da arte desenvolvendo-o plenamente, mas de maneira gradual.

Esta segunda parte tem início de maneira muito modesta para uma companhia tão performática quanto a Deborah Colker, visto que o primeiro quadro é formado pela própria Deborah tocando um piano de calda enquanto uma bailarina dança quase que só como se estivesse num ensaio ou num exercício de balet clássico. Enquanto isso, bailarinos entram e saem do palco discretamente espalhando vasos coloridos.
















O segundo quadro dá continuidade ao anterior com a diferença que o piano de calda já não está no palco que, ao final desta coreografia, estará repleto de vasos antecipando, assim, o grand final no quadro seguinte.

O terceiro e último quadro tem início com os bailarinos dançando entre os vários vasos coloridos, dividindo quase que igualitariamente o espaço do palco com com estes seres inanimados.















Mas, então o espectador começa a refletir que dança entre vasos, apesar de difícil, não é assim excepcional. O grupo Corpo, por exemplo, tem uma coreografia com um cenário semelhante. Porém, aí vem o fator que surpreende o público: em determinado momento, os vasos ficam suspensos criando um novo teto móvel que, em seguida, é novamente modificando quando os vasos se espalham em diferentes alturas como se eles fossem a principal atração em vez dos bailarinos que dançam abaixo deles.
















Está, assim, consumado em seu grau máximo a união da dança com as artes plásticas que caracteriza este espetáculo que surpreende e deixa o público convencido que esta mulher conhecida como Deborah Colker é, enfim, "fodona" no que faz!

Deborah Colker

4 por 4

No final de semana que antecedeu o dia internacional das mulheres, Brasília recebeu a companhia de dança Deborah Colker para apresentação do espetáculo "4 por 4" no Teatro Nacional. Sim, aquele em forma de Pirâmide.



















O significado do título do espetáculo, 4 por 4, é sugerido logo no primeiro quadro quando poucos bailarinos dançam em tablados individuas de 4 por 4 metros, fechados por duas paredes que se unem como se formassem altos biombos - o que, a propósito, poderia ser lido como uma representação dos apartamentos típicos de Brasília com seus 28 metros quadrados. Para se ter uma noção do quanto um desses apartamentos típicos de Brasília são apertados, só mesmo entrando num depois de saber o astronômico valor dos aluguéis. Mas, o que é pequeno para um só, as vezes pode ter o tamanho ideal para um jovem casal enamorado que está começando uma vida a dois na cidade...

Foi, inclusive, o que aconteceu com o casal de amigos que conheci há pouco tempo. Mas, claro queesta vida apertada foi só no primeiro ano. Hoje, eles preferem morar um pouco mais longe da região central, mas com um pouco mais de espaço. Afinal de contas, já estão indo para o terceiro ou quarto ano de casamento se não me engano... (rs)

E é justamente desta vida a dois num cubículo, isto é, nos apartamentos típicos das grandes cidades que o primeiro quadro do espetáculo em questão parece tratar. Uma realidade que solitária no início, logo se completa com a presença de outro dançarino que vem a formar um par e a compor uma coreografia de impressionante beleza estética e performática.















E é incrível o que a dupla de bailarinos consegue então fazer juntos num espaço tão pequeno e rústico como se estivessem a sugerir as possibilidades de beleza que podem ser criadas e desenvolvidas mesmo nas condições mais apertadas de habitação.

E como disse antes: a coreografia impressiona não só pela beleza estética como, também, pela performace - qualidades, aliás, sempre presentes no trabalho de Deborah Colker.

Algumas partes em que os bailarinos literalmente sobem pelas paredes ou arrastam seus pares para alí, ora elevando-os, ora despencando sobre eles reforçam esta característica performática pela qual a companhia é conhecida.

Dizem, inclusive, que ao final de cada temporada da companhia, os bailarinos estão fisicamente acadabados, com os "joelhos estourados" devido ao limite ao qual são levados nas coreografias. Verdade ou mito, o fato é que os bailarinos desta companhia realmente demonstram um preparo físico fora do comum.

Uma amiga da área de dança discorda desta perspectiva. Discorda, portanto, que a dança tenha que ser assim tão performática. Mas, talvez esta seja uma característica que esta companhia herde do nosso tempo em que não basta mais "dançar conforme a música"; para se destacar é preciso se matar de trabalhar, dar o máximo, dar tudo, chegar ao esgotamento e superar os próprios limites para, enfim, receber os aplausos e os adjetivos de genial e surpreendente!

sexta-feira, 12 de março de 2010

Win Wenders na L4

Arquitetura de reflexão

Numa interessante e sensível reflexão sobre o cinema americano atual, o cineasta alemão Win Wenders chama a atenção para a velocidade sempre acelerada da ação e que ao contrário dos filmes do velho oeste, por exemplo, não há mais aqueles momentos em que a câmera fazia uma panorâmica sobre a paisagem sugerindo um momento em que o espectador tinha a oportunidade de projetar sua história dentro da história que está sendo contada.

Bom, mas se isto não está mais presente no cinema americano, está presente em algumas avenidas de Brasília que cortam a cidade fora a fora. Sem semáforo e com um limite de velocidade de 80 km/h, elas parecem reforçar a idéia de que só existe um ponto de origem e um de destino e, entre eles, nada. O oposto, por exempo da máxima de "Grande Sertão Verdes": de que a beleza não está na chegada nem na partida, mas no próprio caminhar.

Há semanas que me pergunto que reflexo isto traz para a psicologia de quem vive aqui. Será que isto reforça a objetividade ou, quem sabe, a reflexão? Uma amiga que não tem carro e faz estes caminhos de ônibus, afirma que isto simplesmente gera o tédio!... (rs)

De fato, uma coisa é seguir por estas highways preocupado apenas com os radares de velocidade, sozinho consigo mesmo e seus pensamentos num carro de cinco lugares ouvindo suas músicas preferidas ou simplesmente o silêncio. Outra é seguir num coletivo que sempre anda mais devagar do que a vontade de chegar, e com nada para se olhar no horizonte além de um grande descampado ou construções semi-abandonadas ou simplesmente iguais e distantes.

Talvez, assim como no cinema, seja preciso uma situação confortável para este exercício de projeção da nossa própria história dentro da história da cidade. Uma cidade que, diga-se de passagem, um dia já esteve perdida no nada - como também as vezes nos costuma ocorrer em alguns momentos da vida.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Pagode em Brasília

Retorno às raízes














A música que, por assim dizer, deu origem a este blog e nome ao seu endereço na internet será em breve cantada para um grande público em Brasília por conta do iminente show de Victor e Léo na cidade.

Se eu vou ou não a este show, ou seja, se eu vou ou não fazer esta incursão antropológica, esta é uma questão que talvez retorne como tema deste blog em breve. Até lá, vamos ao fato que originou esta postagem: a descoberta da rádio justiça, FM 104.7

Comecei a ouvir esta rádio depois que descobri que ela estava transmitindo ao vivo a sessão do Supremo Tribunal Federal onde estava em julgamento a permanência ou não da prisão do governador Arruda.

Dias atrás, nesta mesma rádio, ouvi o ministro falando sobre um programa de informatização do sistema penal do Brasil com o objetivo de evitar desencontro de informações e consequentemente a existência de injustiças nesta esfera.

Neste mesmo discurso que correspondia a uma espécie de convocação para que todos os envolvidos participem colaborativamente deste processo, o ministro reconhecia que há no Brasil muita gente presa que não deveria estar na prisão - sobretudo devido ao fato de suas penas já terem acabado.

Parece incrível, não? Será que nem mesmo o preso faz controle de sua pena? Ninguém da família dele o faz? Será que os anos na cadeia fazem a pessoa perder a noção do tempo? Ou será simplesmente que a burocracia da justiça impede que a pessoa receba o que lhe é de direito no tempo estabelecido como, por exemplo, acontece com muitas pessoas que não coseguem se aposentar mesmo depois de ter passado da idade para isso exigida?

A questão não é pequena. Basta lembrar que logo aós o massacre no Carandiru descobriu-se que muitos presos, que foram fuzilados pelo batalhão de choque da polícia, já estavam com sua pena vencida e eram muito jovens e, pelo crime cometido, nem deveriam estar alí.

Alguns acham que o país não perdeu grande coisa com essas mortes. Mas, isto talvez decorra da descrença na redenção da vida humana que certamente deve refletir a inexistência de programas de recuperação do presidiário brasileiro - outra justificativa deste programa, presente no discurso do ministro.

Independentemente de qual seja a razão, este projeto já é uma boa notícia e mostra o importante papel da informática enquanto instrumento para promoção ou operacionalização da justiça no país. Quem diria!

E o que isto tem a ver com o show do Victor e Leo em Brasilia e com a música "Pagode em Brasília", da dupla Tião Carreiro e Pardinho, que eles interpretam com um novo arranjo musical? Tem que o segundo verso desta música, composta na década de sessenta, fala exatametne deste fato de que existem prisioneiros inocentes no fundo de uma prisão.

Tem prisioneiro inocente no fundo de uma prisão
Tem muita sogra encrenqueira

E tem violeiro embrulhão
Pro prisioneiro inocente eu arranjo advogado
E a sogra encrenqueira eu dou de laço dobrado

Pro violeiro embrulhão os meus versos tão quebrados



Curioso que isto esteja presente justamente numa música chamada "Pagode em Brasilia". Será que o ministrou ou o idealizador deste projeto a ouviu, ao ponto dela ter inspirado esta iniciativa?...

quarta-feira, 10 de março de 2010

The last Stairway to heaven

God bless you

É uma pena que determinadas coisas deixem de funcionar neste mundo! Quando comecei este blog, por exemplo, ele aceitava a opção de postar um vídeo no texto publicado. Entretanto, recentemente não tenho mais obtido sucesso neste tipo de operação.

Uma pena realmente porque agora sou obrigado a fazer links para vídeos que hoje existem no youtube, mas que amanhã pode ter sido removido - o que coloca certa fragilidade para este blog. Isto, claro, sem contar com a possibilidade do blogspot sem descontinuidade. Imaginem só: horas e horas de reflexão desaparecendo da noite pro dia!

Mas, como já dizia o velho personagem de Guimarães Rosa: "viver é perigoso" - mesmo no mundo virtual.

Bom, o sentido deste lamento é que minha intenção era postar aqui um vídeo de uma apresentação do Jimy Page feita nos Estados Unidos em 1988. Trata-se de uma versão instrumental da conhecida Stairway to heaven que já foi tema de duas reflexões hoje, neste blog.

Instrumental porque naquela época o Led Zeppelin enquanto grupo já não mais existia e cada um dos integrantes seguia uma carreira independente. Jimmy Page - aquele mesmo que tocou na cerimônia de encerramentos dos jogos olímpicos ano passado - fez então uma turnê pelos Estados Unidos.

O curioso desta apresentação que faço um link a partir da imagem abaixo é que, no final da apresentação e do show, Jimmy deseja um "Deus lhe abençõe" (god bless you).

A primeira vez que ouvi isto num show veio do simpático Hermeto Pascoal. Confesso que fiquei cativado por ouvir esta declaração acompanhada de um gesto humilde daquele genial velhinho com barba de Papai Noel.

Algum tempo depois voltaria a ouvir este mesmo cumprimento de despedidas do Lenine, que pra mim era "o cara" da música popular. E o mesmo se votaria a se repetir no show do U2.

Achei então que o cumprimento fosse novidade. Mas, eis que agora o encontro aqui onde menos esperava: na voz do Jimmy Page - autor de um dos sólos mais famosos e geniais da história do rock, e guitarrista de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos que deixou sua marca na história pela sua genialidade, mas também pela sua fama de ter experimentado ao máximo a tríado "sexo, drogas e rock´n roll".

Será que, durante a longa caminhada na vida, Jimmy teria seguido as "boas novas" da letra da música mudado de caminho para, por assim dizer, seguir o flautista?













Stairway to heaven again

Há algo que sinto quando olho para o oeste

Precisamente hoje termina minha saga no Oeste. Ou seria west? Explico: Brasília tem umas avenidas que a cortam de ponta-a-ponta ou, para ser mais específico, de asa-a-asa. São elas que ligam à Asa Sul à Asa Norte permitindo, por exemplo, que você vá de um extremo a outro da cidade em menos de meia-hora. Legal, não?

Pois é, e uma dessas grandes avenidas chama-se W3. Porque W? Oras, W de west! Afinal de contas não estamos no Brasil onde grande parte da população tem o inglês como segundo idioma? Então... (rs)

Durante dois meses, andei por esta avenida diariamente para ir e voltar do trabalho. Hoje, porém, mudo-me para o apartamento que aluguei. E o caminho para lá não passa mais pela W3.

Mas, claro que sempre que passar por ela me lembrarei desses primeiros dias nesta nova e estranha cidade. E, quem sabe, como diz a letra da música Stairway to heaven - ainda muito presente na minha memória devido ao recente show do Led Zeppelin cover - poderei dizer que "há algo que sinto quando olho para o oeste":

"There's a feeling I get when I look to the west
And my spirit is crying for leaving"

Não vou dizer que passei a vida toda ouvindo esta música. Foram raras as vezes. Mas, ultimamente comecei a prestar atenção à letra procurando compreender o que ela dizia. A princípio não entendi nada e acabei descobrindo que as pessoas ao meu redor também não tinham a menor noção.

Hoje, talvez em comemoração ao fim desta primeira fase no oeste, me detive mais uma vez na sua letra e finalmente cheguei à uma primeira compreensão.

Em primeiro lugar, vamos contextualizá-la: ela foi produzida na década de setenta no auge do movimento hippie que, como se sabe, se opunha aos valores de uma sociedade capitalista, materialista e voltada para o consumo às custas da perda de coisas essenciais para a vida como a contemplação da natureza, a paz, a harmonia e amor.

Muito bem. Isto ajuda, portanto, a entender os dois principais personagens da narrativa presentes na letra da música:
- "uma senhora que acredita que tudo o que brilha é ouro" e que pensa estar comprando uma escadaria para o céu;
- e um flautista que deseja nos levar à razão e chama para um outro caminho, para um lugar feliz junto à natureza onde todos estaremos firmes como uma rocha e seremos um só com todos.

Convenhamos: nada mais hippie que um flautista na floresta, tocando em meio de pessoas dando gargalhadas. Mas, não me pergunte às custas do quê... (rs)

Se o leitor conhece a música do "Além do horizonte" do Roberto Carlos, regravada poucos anos atrás pelo Jota Quest verá que a proposta do flautista e da música do Rei muito se assemelham:

"Além do horizonte deve ter
algum lugar bonito pra viver em paz

Onde eu possa encontrar a natureza,
alegria e felicidade com certeza (...)

Lá nesse lugar o amanhecer é lindo,
Com flores festejando mais um dia que vem vindo
Onde a gente pode se deitar no campo
Se amar na relva escutando o canto dos pássaros"

Dentro então desta proposta alternativa, a letra da música se desenvolve em torno desses dois personagens e apresentando as boas novas ("good news") como diz o cantor Robert Plaint antes de dar início à estrofe que se há dois caminhos a seguir (o da senhora e do flautista), na longa estrada desta vida felizmente temos a possibilidade de mudar de caminho e ir juntar-se ao flautista.

Taí então minha interpretação, que remete ao west, a W3, ao stairway to heaven tocada ao vivo na última sexta, à escada do Teatro Nacional, a um interlúdio no Rio, ao prato de lentilhas, às boas novas e finalmente a uma mudança de caminho.

Stairway to heaven

Uma escada (moderna) para o céu



















Vejam só esta escada. Bonita, não? Estou me convencendo que uma das principais características do estilo moderno na arquitetura é o adjetivo que em inglês é conhecido como slim.

Sim, o termo também é popularmente conhecido como aquele modelo de geladeira que não tem uma segunda porta para o refrigerador. Já foi chique. Hoje é a que tenho na minha cozinha, adquirida nas Casas Bahia em modestas prestações.

Mas, voltemos à escada do Teatro Nacional que segue slim, sem quase nenhum complemento senão os próprios degraus que parecem flutuar uns sobre os outros. Esta escada de certa maneira fecha a série que corresponde aos meus dois primeiros meses em Brasília.

Tudo começou quando, logo na primeira semana, fui convidado para um almoço onde o prato principal era lentilha. Aquele simples e corriqueiro detalhe me remeteu à passagem bíblica onde Esaú vende ao seu irmão Jacó o seu "direito de primogenitura" por um prato de lentilhas.

Lentilha nunca fez parte do cardápio alimentar da minha família. De modo que depois de ler esta passagem eu ainda passei muitos anos pensando que o "prato de lentilhas" deveria ser um prato muito saboroso e suculento para o Esaú ter vendido seu direito de primogenitura com todas as consquências, nisto, implícitas. Lembro então da minha decepção quando finalmente me deparei com uma sopa de lentilhas e exclamei pasmo: "nossa, foi por isso que Esaú se vendeu?"

A passagem bíblica é conhecida. Até o velho Karl Marx a cita num texto onde critica aqueles trabalhadores mais bem remunerados que se instalam muito confortavelmente no regime capitalista e " vendem por um prato de lentilhas o seu direito de primogenitura, isto é, renunciam ao papel de guias revolucionários do povo contra a burguesia."

Assim, ao rever aquele prato que tão forte impressão um dia me causou, comecei a lembrar das reflexões a que ele havia me levado um dia.

Reflexões que voltariam a tona uma ou duas semanas depois quando no Rio de Janeiro, ao visitar uma igreja, ouvi uma pregação sobre um fato que se sucede a este evento com o Jacó que se vê obrigado a fugir de casa porque o irmão Esaú planejava lhe tirar a vida por ter comprado seu direito à primogenitura e roubado sua benção paterna, roubando-lhe assim também as bençãos que adviriam disto.

E nesta fuga, no meio de deserto, ao tomar uma pedra como travesseiro, Jacó tem um sonho no qual vê uma longa escada que liga a terra ao céu por onde sobem e descem anjos. E a partir deste sonho lhe vem a convicção que Deus estava com ele na sua luta que passava, inclusive, pela reconciliação com o irmão.

E agora, quase dois meses depois deste primeiro prato de lentilha e desta pregação, eis que vem a Brasília uma banda cover do Led Zeppelin, - outrora extinta que agora se reune para uma apresentação única na cidade. E dentre os sucessos tocados, claro, não poderia faltar esta música que esteve à minha mente durante todo o tempo em que estive ouvindo a mensagem na igreja: Stairway to heaven.

E o show aconteceu na noite anterior à visita que fiz ao Teatro Nacional, onde então encontrei-me com esta escada que me fez lembrar de tudo o que vivi até aqui.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Praça dos Cristais

Setor de Mansões Isoladas











O primeiro filme que assisti no cinema foi o Super Man 1, com o Critopher Reeve. Eu tinha então uns seis anos de idade. Daí, você faz as contas e vê como sou um cara experiente na vida...

Deste filme também vem a minha primeira lembrança da arquitetura futurista do cinema: a fortaleza que o estrangeiro herói construiu numa região fria e isolada do planeta, com base em cristais que possuiam o registro de suas raízes - de seu povo e de seus pais.

Se o Super Homem morasse em Brasília, a julgar por esse gosto pela solidão, ele possivelmente iria morar num lugar chamado "Setor de Mansões Isoladas". Aliás, creio que este também seria o lugar para onde iria Bruce Waine. Mas, por que os super heróis são tão solitários?...

Enfim, o fato é que esta lembrança arquitetônica que me veio à tona quando visitei Goiânia pela última vez e pude, então, constatar uma possível influência kryptoniana na praça Latif - vide foto a seguir:
















E não é que acabei encontrando um lugar com ecos kryptonianos em Brasília. O local chama-se Praça dos Cristais e é tão solitário e distante quanto à fortaleza do super homem.
















Como se vê, seguindo a linha do moderno da arquitetura que fundou a cidade, os cristais são de concreto como também o é o conjunto arquitetônico no qual ele encontra-se inserido: o Setor Militar Urbano - o que sugere a existência de um Setor Militar Rural talvez?...

Mas, diferentemente do conjunto arquitetônico militar que foi desenhado pelo velho Niemayer, a praça nasceu das idéias do cumpanheiro Marx (Burle Marx).

Ao visitar este lugar numa manhã de domingo, fiquei ali solitariamente refletindo em onde estaria o fio condutor do pensamento do arquiteto ao desenhar esta praça. Onde a beleza? O que ela tem de excepcional ou de genial? Afinal de contas, foi o grande Marx que a desenhou!

Notei então que o arquiteto aproveitou ao máximo a vegetação que possivelmente já existia no local. As árvores com dezenas de anos estão alí com sua grandes copas que emendam-se umas nas outras, o único contorno de concreto são em traçados de altura muito baixa para fazer as divisões entre os canteiros e para sugerir o caminho curvo das águas - detalhe que lembra tanto a natureza quanto o traçado de Niemayer.
















Enfim, neste setor isolado e distante do centro está a Praça dos Cristais a lembrar o encontro da natureza do cerrado com a genialidade humana que deram origem a esta cidade que, apesar de ser uma movimentada capital, propicia a seus moradores lugares como este onde é possível se retirar para, na sua solidão, integrar-se também à natureza e ao seu criador.

segunda-feira, 1 de março de 2010

A insustentável leveza do ser

A insustentável leveza do ser

E não é só Roberto Carlos que prefere as curvas. Niemayer, também. Aliás, depois de ver um por do sol na praia do Arpoador no Rio de Janeiro, entende-se afinal por que o notório arquiteto prefere as curvas.

Dizem que seu traçado arquitetônico valorizando as curvas é, inclusive, uma referência às curvas da mulher brasileira.... Isto quer dizer que as europeus ou as norte-americanas são retas, então?...

Bom, de qualquer maneira, o fato é que no reinado reto das edificações, Niemayer usou e abusou das curvas dando certa leveza ao concreto - literalmente. E que se virem os engenheiros com seus cáculos estruturais pra manter em pé esta "insustentável leveza do ser".

Abaixo, algumas fotos que tirei de algumas dessas curvas em momentos de proximidade estética. Repare, também, que diferença faz as nuvens para a contemplação das obras.

A primeira foto é a de um ponto de ônibus, próximo ao famoso Clube do Choro. Parece que ninguém usa, mas é lindo.

















Depois, uma foto da entrada do parque da cidade. Parece até uma folha de papel dobrada. Tudo muito leve e simples. Nada que uma semana de cálculo estrutural não resolva.



















E, por último, a fachada do quartel general do exército. Algo bem modesto, que simboliza o punho da espada de Caxias.



















Sobre esta última construção, dizem que os engenheiros erraram no cálculo estrutural. Motivo pelo qual tiveram que fazer este suporte abaixo da curva pra manter esta leve estrutura de toneladas de concreto suspenso no ar.




Eu prefiro as curvas

Você vai pensar que eu não gosto nem mesmo de mim

Bem, depois da constatação de que precisaria comprar um transformador de 110 para 220 volts para que minha geladeira paulista pudesse funcionar aqui no planalto funcional, neste final de semana fui até a "feira dos importados de Brasília" - vulgo "trambique", como diria um senhor que conheci lá. (rs)

Mas, engana-se quem vai até o lugar pensando encontrar uma versão brasiliense da Santa Efigênia paulistana ou algo do tipo. Diferentemente disso, o lugar tem umas inusitadas lojas de móveis e decorações com preços nada "trambiquiáveis". Pelo contrário, alguns itens de decoração lá custam mais caro do que num shopping de alta classe que fica há poucos quilômetros dalí.

Comprei, enfim, o transformador que viabilizará água gelada para as tardes de sol escaldante do serrado. Porém, o mais inusitado ficou por conta de uma música que ouvi ao entrar numa lojinha onde tinham alguns produtos sui generis como, por exemplo, uma lixeira com sensor de presença! Isso mesmo: você se aproxima com o lixo e ela abre a tampa automaticamente! Chique no úrtimo! (rs)

Nesta lojinha onde, salvo enganho, também tinha a venda uma espada do Rei Arthur estava tocando um CD do Rei. Assim, enquanto via uma lixeira automática e outros produtos high tech ouvia a versão original das "curvas da estrada de santos" - lugar que, a propósito, sempre quis ir quando morava em Campinas. Mas, não o fui. A vida, como se sabe, está cheia de lugares assim...

O tema das curvas voltaria inconscientemente à reflexão quando, no dia seguinte, fui até um lugar aqui tirar uma foto para completar uma série de imagens que publicarei num post a seguir e que tem, nas curvas, seu tema principal.

Foi bastante curioso reencontrar esta música, porque a primeira vez que ela entrou de maneira significativa na minha vida foi justamente num momento de transição quando eu saía da moradia estudantil da Unicamp para ir morar numa república. Não numa república federativa, como agora - é claro... (rs)

Foi então nos primeiros tempos nesta república que assisti uma fita de vídeo onde Caetano Veloso explicava sua relação com esta música, ouvida - diga-se de passagem - num importante momento de também transição da vida dele.

Durante muito tempo tentei conseguir uma versão digital deste vídeo. E hoje, vejam só, eis que a encontrei no youtube. Para assistir, clique na imagem abaixo: