terça-feira, 16 de março de 2010

4 por 4 total

Visão geral do espetáculo

O espetáculo "4 por 4" de Deborah Colker é composto por duas partes. A primeira tem início com o quadro sobre o qual já me detive neste blolg: um quadro que retrata indivíduos em seus cubículos modernos - representação das kitnets das grandes cidades ou das baias que compõem as salas de trabalho dos escritórios das grandes empresas ou instituições contemporâneas.

A este quadro inicial segue outro que se caracteriza não só pela diminuição do rítimo da dança como também pelo surgimento de uma esteira - como aquelas de produção dos ambientes industriais. Sobre esta esteira, montada sobre uma mesa que se move lentamente, bailarinos dançam com movimentos leves e demorados como se buscassem a poesia ou o sublime na esteira da rotina que os limita e aprisiona.















Já o terceiro e último quadro rompe com estas limitações espaciais. Em lugar do biombo ou da esteira, agora os bailarinos usam o palco todo que recebe no chão uma imensa imagem de uma pintura de grafite. Trata-se, enfim, da referência aos espaços públicos e abertos pela arte em contraposição aos espaços estreitos e apertados das residências e do trabalho.

E a tomada do palco todo acompanha o ritmo do grupo que se espalha e reflete a animação em meio à multidão em oposição à introspecção dos pequenos ambientes.

Já a segunda parte do espetáculo irá continuar este contraponto da arte desenvolvendo-o plenamente, mas de maneira gradual.

Esta segunda parte tem início de maneira muito modesta para uma companhia tão performática quanto a Deborah Colker, visto que o primeiro quadro é formado pela própria Deborah tocando um piano de calda enquanto uma bailarina dança quase que só como se estivesse num ensaio ou num exercício de balet clássico. Enquanto isso, bailarinos entram e saem do palco discretamente espalhando vasos coloridos.
















O segundo quadro dá continuidade ao anterior com a diferença que o piano de calda já não está no palco que, ao final desta coreografia, estará repleto de vasos antecipando, assim, o grand final no quadro seguinte.

O terceiro e último quadro tem início com os bailarinos dançando entre os vários vasos coloridos, dividindo quase que igualitariamente o espaço do palco com com estes seres inanimados.















Mas, então o espectador começa a refletir que dança entre vasos, apesar de difícil, não é assim excepcional. O grupo Corpo, por exemplo, tem uma coreografia com um cenário semelhante. Porém, aí vem o fator que surpreende o público: em determinado momento, os vasos ficam suspensos criando um novo teto móvel que, em seguida, é novamente modificando quando os vasos se espalham em diferentes alturas como se eles fossem a principal atração em vez dos bailarinos que dançam abaixo deles.
















Está, assim, consumado em seu grau máximo a união da dança com as artes plásticas que caracteriza este espetáculo que surpreende e deixa o público convencido que esta mulher conhecida como Deborah Colker é, enfim, "fodona" no que faz!

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