sexta-feira, 26 de março de 2010

CCBB

Sob as estruturas de um céu iluminado

O prédio do Centro Cultural do Banco do Brasil de Brasília é um lugar cujo surgimento na minha memória remete à sede do governo provisório que Fernando Henrique Cardoso criou para repassar, ao novo governo eleito, o conhecimento da nova estrutura e políticas de Estado que havia implantado.

Uma iniciativa, diga-se de passagem, positiva pois se serviu, de um lado, para a permanência de políticas de Estado chamadas de neo-liberais, por outro lado, a descontinuidade de políticas e programas de Estado na transição de um governo para outro era ou ainda é um mal muito presente no cenário nacional.

E atualmente, o lugar voltou a ser a sede do executivo enquanto o Palácio do Planalto é reformado "pela primeira vez na história deste país".

Mas, fora o uso feito deste lugar, o fato é que o prédio em si tem uma arquitetura impressionante que logo atesta a grandeza e genialidade do seu arquiteto, Oscar Niemayer, que consegue dar leveza a imensas e pesadas construções de concreto armado.

Sentar-se na lanchonete alí existente, sob aquele teto de concreto sustentado por inusitadas colunas, para uma bebida ou algo do tipo é uma experiência que vale a pena. E foi alí, a propósito, que estas notas foram inicialmente elaboradas enquanto olhava para aquele imenso teto de concreto suspenso e pensava que senão fosse as aparentemente frágeis (mas, na verdade, sólidas e firmes colunas) tudo poderia desabar sobre nossas cabeças.

Algo semelhante, penso, a cada troca de governo que poderia fazer o país desabar sobre a cabeça dos cidadãos senão fosse a solidez das instituições públicas e democráticas (aparentemente frágeis como as colunas do CCBB) a sustentar a pesada estrutura de uma das maiores repúblicas do mundo.